domingo, 13 de maio de 2012

Quando o minério acabar, do que sobreviverá Parauapebas?

Parauapebas vive hoje em prol dos roialtys do minerio e quando acabar? Quais as Alternativas economicas que a cidade tem.
A Serra dos Carajás, formação vulcano-sedimentar, está localizada na região central do Estado do Pará. Uma verdadeira “mina de ouro”, a região esconde em suas entranhas minério de ferro, ouro, cobre, zinco, manganês, prata, bauxita, níquel, cromo, estanho e tungstênio em quantidades ainda desconhecidas e que fizeram da “Província Mineral de Carajás” uma das regiões mais ricas em minérios do mundo. A primeira jazida de minério de ferro foi descoberta em 1967 quando o helicóptero com o geólogo Breno dos Santos, da US Steel, foi obrigado a um pouso de emergência em uma clareira na região. Mas aquela clareira não era proposital, eles haviam pousado em uma “canga” – uma região onde o minério de ferro está tão rente à superfície que a vegetação não consegue crescer de forma normal. O geólogo, durante o vôo, havia notado diversas clareiras como aquela pela região, o que não é nada comum. Pronto. Estava descoberta a maior reserva de minério de ferro do mundo. As pesquisas foram iniciadas naquele mesmo ano, mas as obras do Projeto Carajás, encampadas pela Vale do Rio Doce, começaram em 1978. Três anos depois, foi feita a primeira detonação para a abertura de mina e, em 1985, entrou em operação o primeiro trem de minério da região. A primeira venda do minério ocorreu em 1986 quando foram embarcadas 13,5 milhões de toneladas de minério de ferro. O minério de ferro da Província Mineral de Carajás é importante não apenas pela quantidade em que se encontram, ma também pela qualidade: é o melhor minério de ferro do mundo, ou seja, o que possui maior teor de ferro já encontrado. Porém, ao mesmo tempo em que a descoberta da Província Mineral de Carajás trouxe enormes benefícios econômicos para a região, a extração mineral também causa uma série de impactos ambientais e culturais significativos. Porém o calculo previsto para o tempo de mineração que seria de pelo menos 400 anos foi abreviado para apenas 57 anos. O que significa que após 27 anos de exploração restam apenas cerca de 30 anos para o termino do período de exploração mineral na famosa Serra dos Carajás. Surge aí o grande problema, pois nestes anos os poderes público e privado recostaram no conforto da arrecadação das contribuições por exploração mineral e nos empregos gerados direto e indiretamente por força da extração mineral e agora em eminência do fim do ciclo do ferro nenhuma alternativa econômica foi criada. Esta serie publicará entrevistas de ex-prefeitos, possíveis futuros prefeitos, economistas, empresários e formadores de opinião. Abrindo a série, o primeiro prefeito eleito de Parauapebas, Faisal Salmen, em entrevista concedida ao jornalista Francesco Costa, fala sobre o passado e o futuro do município e conota alternativas para a manutenção do município após o ciclo mineral. Jornal Tablóide (JT): Faisal Salmen, o assunto que ventila por aí é que daqui a 30 anos, no máximo, a mineração em Carajás chegara ao final. Qual a alternativa será criada para que Parauapebas sobreviva sem a mineração? Faisal Salmen (FS): Eu penso que pode ser 20, 30, 40 ou 50 anos. Independente disso devemos saber com clareza que toda exploração mineral, ao longo da história da humanidade, tem começo, meio e fim; assim foi o ciclo econômico do ouro em qualquer parte do mundo que não durou mais que uma geração, 25 anos. Uma cidade não deve viver baseado em uma única economia sobre um risco que ainda possa ter muitos anos de exploração mineral. JT: O senhor foi primeiro prefeito em Parauapebas, naquela época já ventilava o fim da mineração em Parauapebas a construção de alternativas ou naquela época então não se ventilava isso? FS: Não. Por que quando começou a exploração mineral, havia toda aquela expectativa sobre isso e mais a mais se dizia que o ferro duraria 400 anos, depois diminuiu para 140 anos, agora você sabe que eu que inicialmente fiz esses cálculos e depois confirmei. Agora não digo pra você que sejam apenas 30 anos por que não há uma queda bruta da produção de minério, vai ser gradativamente; acho que tem um tempo maior ainda, da exploração mineral, pois também há uma tendência, ou seja, se surgisse um preço a vale irá buscar e exaurir ao máximo essa mina, ainda que exista uma quantidade muito grande de ferro no mundo, com essa concentração ferrífera nós temos poucas minas descoberta até hoje. JT: Com o fim da mineração, em Parauapebas, haverá aí três seguimentos que perde, um deles é o CEFEM, ou seja, a alimentação do poder público que hoje é um valor grande; e o outro é a questão das empresas que trabalham em função da mineração; e em conseqüência dessas empresas haverá um grande desemprego, se imagine nesse cenário como prefeito. FS: Eu penso que não vai cair só o CEFEM vai cair também o ICMS, as arrecadações do modo geral; agora tem que pensar de uma forma otimista, ou seja, se você tiver uma aplicação constante do SEFEM criando um fundo para vislumbrar Parauapebas daqui 10, 15, 20 anos. Mas não existe uma maneira constitucional para se fazer isso, não existe uma lei; vai depender do gestor municipal, vai depender do bom senso de todos os seguimentos organizados de Parauapebas, a associação comercial, associações e sindicatos. Aí iria guardando pouco a pouco cerca de R$ 3 milhões por mês. JT: Com o fim da mineração, pode se responsabilizar a Vale por alguma coisa para ela continuar contribuindo por um período até a “desmama”, para que o município comece a viver sem o CEFEM? FS: Não, eu acho que não. Por que na verdade, a Vale ela é oficialista, constitucional e legalista; ou seja, aquilo que determina a lei ela cumpre. Por exemplo, ela não paga ICMS, por que determina a lei, e ela não vai fazer isso. O que nos cabe é buscar alternativas. JT: O senhor acha que esse boato que a mina vai terminar em um prazo médio, pode afugentar novos investidores e inibir alguns que já estão aqui? FS: Não. Por que Parauapebas pode mudar sua face econômica, tem tudo para isso, capital e recurso. Outros municípios e países fizeram, com grande dimensão como, por exemplo, Dubai etc, trocaram a economia, e tiveram a visão de fazer isso. Temos 30 anos, isto é mais que uma geração, é tempo suficiente pra mudar a economia do município de Parauapebas. JT: O que seria feito na sua visão, quais seriam as alternativas, os seguimentos em Parauapebas e como implantá-los? FS: Eu não vejo com tristeza e acho que pode ser implantadas a duas coisas simultaneamente. Mas temos que entender também que o minério de ferro é centralizador de economia, ou seja, não são muitas pessoas que ganham com isso; eu penso a começar ao ensino universitário, aquecendo com 10 a 15 mil estudantes universitários e o município pode ser um centro de referencia universitária. Estudantes gera muita economia consumindo e vai distribuir muita a renda. Continuaram sediadas aqui empreiteiras grandes, comércios, pensões, hotéis ou pequenos comércios que vá atender essa demanda de estudantes. JT: Pode se dizer que em Parauapebas plantando tudo dá, só falta as idéias a serem implantadas? FS: Eu acho que a economia é importante agora tem que produzir uma agricultura, por exemplo, para vermos qual é a aptidão para a agricultura em Parauapebas; pode-se industrializar a mandioca, industrializar o leite. Entrevistador: Os governos Estadual e o Federal tem uma responsabilidade com essa questão também, esta se acionando para ajudar nessas alternativas novas também ou estão pensando que é apenas um problema nosso? FS: Eu acho que é questão nossa, não adianta esperar, o governo Estadual não vai olhar para isso, mesmo por que eu acho que há outros municípios que tem uma classe política mais organizada que a nossa; infelizmente Parauapebas tem dado votos de uma forma abundante, muitos votos para outros Deputados Federais, eles vem pra cá buscam votos vão embora pra trabalhar por Marabá, não que ela não mereça. Por Francesco Costa em Jornal Tablóide

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