Do UOL, em Ribeirão Preto (SP)
Um médico de
Franca (400 km de São Paulo) condenado a oito anos de prisão pelo estupro de
uma adolescente durante cirurgia teve o direito de exercer a profissão suspenso
pelo TJ-SP (Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo). Cabe recurso da
decisão. Os desembargadores também decretaram a prisão preventiva do
profissional, mas ele recorreu da decisão no STJ (Superior Tribunal de Justiça)
no dia 1º deste mês e permanece em liberdade. Para o promotor Yuri Borges de
Mendonça, 38, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime
Organizado), a decisão do TJ foi importante porque, caso o médico continuasse a
trabalhar, poderiam fazer novas vítimas. “Ele usava a profissão para agir
criminosamente”, afirmou. O anestesista José Rubens Perani Soares, 68,
praticava atos libidinosos preferencialmente com jovens e crianças quando eles
estavam sedados na sala de cirurgia dos hospitais em que trabalhou. De acordo
com o promotor, os crimes foram praticados por vários anos, até que uma
enfermeira resolveu denunciá-lo por escrito. “O corpo clínico de enfermeiros
dos hospitais ficava especialmente atento quando os pacientes eram jovens e o
médico escalado para as cirurgias era ele”, disse Mendonça. Segundo os autos,
Soares apalpava as partes íntimas dos pacientes sob os lençóis cirúrgicos.
Testemunhas relataram ao Ministério Público que os toques tinham conotação
libidinosa. A adolescente, de 15 anos, teria sido molestada por ele em junho de
2011, na Santa Casa. O profissional, segundo relato de enfermeiros, teria
colocado um dedo na vagina da garota e perguntado a ela, que estava “grogue”
pela anestesia, se usava pílulas anticoncepcionais e mantinha relações sexuais.
Soares também foi processado por ter feito carícias no órgão sexual de um
menino de cinco anos de idade no Hospital São Joaquim. O crime foi descoberto
durante investigações do Ministério Público, iniciadas em outubro de 2011. Em
primeira instância, a Justiça condenou o médico em agosto de 2012 pelo estupro
da adolescente e o inocentou da acusação relacionada ao menino, por falta de
provas. O Ministério Público ingressou com recurso contra a pena de oito anos,
que o réu recebeu por ser primário, e contra a absolvição no caso do Hospital
São Joaquim. O órgão considera que a condenação para o crime, cuja pena varia
de oito anos a 15 anos de prisão, foi branda. Ao condenar o médico na decisão
de primeira instância, a Justiça comunicou a decisão ao Cremesp (Conselho
Regional de Medicina do Estado de São Paulo), para eventual medidas
administrativas. Outro lado A reportagem do UOL tentou localizar o médico sem
sucesso nesta segunda-feira (25). Ele se transferiu de Franca para Ribeirão
Preto (313 km de São Paulo), segundo o Ministério Público. O advogado dele
pediu para não ser identificado e disse nada ter a declarar sobre o assunto.
“Seria antiético da minha parte.”
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