terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Três mil vítimas de golpe

Ministério Público quer bloquear bens da Eletromil, empresa maranhense que enganou mais de 30 mil paraenses

Mais de três mil vítimas do consórcio premiado criado pelos donos da Eletromil se reuniram, na manhã de ontem, no ginásio de esportes Loiola Passarinho, em Castanhal, com os promotores Marco Aurelio Nascimento e Daniel Barros Menezes que estão investigando o golpe que lesou no Pará mais de 30 mil pessoas e deixou um prejuízo calculado em mais de R$ 25 milhões. Eram pessoas de todos os lugares, de Belém, Ananindeua, Marituba, passando por Santa Isabel, Vigia, Colares, Santo Antônio do Tauá, Capanema, São Miguel do Guamá e de outras cidades da região. Todos foram ao encontro com os representantes do Ministério Público do Pará esperançosos de ouvir alguma indicação ou saída que apontasse para o ressarcimento de pelo menos uma parte dos prejuízos que tomaram. Mas saíram do ginásio quase que com a certeza de que isso é bem difícil de acontecer.

"Não vamos enganar quem já foi enganado uma vez, e não viemos aqui falar lorotas. Mas a maioria dos senhores e senhoras já sabia do risco desse golpe. Estamos fazendo o levantamento desses bandidos, coletando informações, vendo os bens que essa quadrilha possui para bloquear e ver se conseguir restituir parte do prejuízo. Mas a situação é bem difícil", disse Marco Aurélio. Ele afirmou que a empresa Eletromil "faz parte do crime organizado, e bota organizado nisso, com escritórios montados, dezenas de computadores e funcionários, tudo ilegal, só para enganar as pessoas". E que aguarda que sejam cumpridas as decisões judiciais decretando as prisões de Eduardo Facunde, sua esposa e seu filho, que já estão na condição de foragidos da justiça.


PIRÂMIDE


Para tentar explicar às vítimas de que forma elas foram enganadas pela família Facunde, Marco Aurélio relembrou do golpe da pirâmide aplicado pelo judeu norte-americano Bernarde Madoff, uma fraude que deu prejuízo de 50 bilhões de dólares às vítimas, calculadas em três milhões de pessoas, dentre elas bancos e instituições poderosas dos EUA e da Europa. Descoberta em 2008, a fraude tinha como base a remuneração dos primeiros participantes pelos últimos que entraram em jogo. "Não há como mudar as regras da matemática, o golpe de Eletromil era criar grupos onde os integrantes pagavam os prêmios. Mas quem saía ganhando eram os primeiros sorteados, os últimos ficavam no prejuízo, essa tal pirâmide", explicou o promotor. "Não existe Congresso Nacional ou outro poder com capacidade de mudar as regras da matemática. No golpe da Eletromil, assim como o aplicado pelo Madoff, a conta não bate, não fecha". A única diferença, é que o velho banqueiro judeu está cumprindo pena na cadeia e teve que pagar uma multa de cinco bilhões de dólares. E aqui, na Eletromil, os "Madoff maranhenses" continuam soltos e impunes.

O liberal Online

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